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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ser negro e cursar uma faculdade: O que o ENEM tem a ver com isso?

Nada melhor do que aproveitar o episódio do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) que tem esquentado os telejornais, para discutir a complexidade que envolve os sujeitos que tem conseguido uma bolsa de estudos em uma faculdade. E aproveitando esse mês em que celebramos o Dia da Consciência Negra, quero situar a inserção do jovem negro ou negra no espaço acadêmico através desse exame e a sucessão de erros nas provas que foram aplicadas, contribuindo para o descrédito dos brasileiros quanto esse tipo de seleção. Chegar a Universidade pública todo mundo tá cansado de saber que é privilégio de poucos e a faculdade particular ainda não cabe no orçamento de muitos jovens que precisam ajudar na renda familiar, quando já não são um pai ou mãe de família. Pois bem, vamos ao que interessa. Logo que, começaram os bombardeios em torno do ENEM na mídia, pensei... já era... o ENEM perdeu mesmo a credibilidade, como pode um exame de tamanha abrangência, que a princípio era tão somente para avaliar o público do Ensino Médio e agora permite ao estudante de baixa renda chegar a faculdade, há um ano sendo organizado... Bom, tenho conversado com meus botões e questionando o seguinte: Entre tantas acusações, ora jogando a culpa no ministro de educação, ora no presidente do INEP ou ainda no presidente Lula, me vem na cabeça uma frase pitoresca do meu mano: “Não produziram pobres, agora não reclamem porque os pobres estão se unindo...” Rodeios à parte, o que está parecendo é que tem muita gente querendo boicotar o ENEM, isso mesmo. Tem muito jovem pobre adentrando a academia nos últimos anos. Digo mais, jovem negro e pobre... que jamais pensava na possibilidade de chegar a esse espaço branco e elitizado. Nossos excelentíssimos ministros já conseguiram derrubar as cotas raciais, aprovando num verdadeiro faz de conta o Estatuto da Igualdade Racial, pelo visto essa história de chegar à faculdade tem incomodado e muito. Não estou aqui defendendo o PROUNI como a melhor alternativa de acesso ao ambiente acadêmico , ainda prefiro as cotas nas universidades públicas, mais que tem sido de bom grado tem sim. Enfim, precisamos ficar alerta, sobretudo nós que somos negros e os mais afetados pelo desemprego, miséria e preconceito de todos os tipos. Continuemos unidos, atentos, senão poderemos legar um amanhã muito mais desigual para os nossos filhos, netos... num país que é racista sim, mesmo que muitos insistam que não.

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