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sábado, 19 de junho de 2010

Cadê o rio que estava aqui??






Tarde ensolarada de sexta-feira. Eu e alguns colegas de trabalho seguiamos de carro para almoçar no Imbuí, quando nos deparamos com uma cena que nos chamou a atenção: As obras já em fase de conclusão no rio das Pedras, ou melhor sobre onde outrora era visto o canal de esgoto no qual havia se transformado esse curso d'água. Logo, uma colega minha exclamou:
- Olha como tá ficando bonito aqui!
- Sim, mas cadê o rio? exclamei.
- Aquele rio já era. Respondeu ela...Muito se tem discutido sobre a atual política executada pelo prefeito de Salvador, João Henrique, de realizar grandes obras de cobertura de rios que circulam na cidade, com o objetivo de instalar áreas de lazer. Cobrir rios urbanos não é uma prática recente, afinal temos áreas da Baixa dos Sapateiros, Bonocô e Estrada da Rainha que possuem rios sob o percurso de suas vias de circulação, porém o que vemos agora tem um certo ineditismo pela intencionalidade dessas ações.
Essa questão é interessante se analisarmos a situação através do ponto de vista dos principais agentes envolvidos no processo: Os moradores das áreas de entorno desses empreendimentos, que majoritariamente apoiam o projeto, pois terão à disposição equipamentos de lazer e uma valorização consequente dessas ações urbanísticas; os órgãos governamentais onde testemunhamos uma série de imbróglios entre a prefeitura e os órgãos ambienteais estaduais no tocante a maneira que a obra seria implantada e de alguns grupos sociais e organizações ligadas ao meio ambiente, que consideram a prática extremamente danosa, uma vez que interfere no ecossistema e inviabiliza qualquer tentativa de recuperação desses rios a longo prazo.A qualidade dos rios urbanos quase sempre é precária, de ambientes cheios de vida no passado, se transformam, com a intensa urbanização em verdadeiros corredores de esgoto a ceu aberto.
A meu ver, atitudes como a da prefeitura servem apenas para esconder aos olhos da sociedade o verdadeiro problema que existe que é a agonia dos rios urbanos; Salvador é carente em áreas de lazer, é fato e as populações das áreas vizinhas a essas obras tem toda razão em exigir do poder público uma melhor qualidade de vida e bem estar, mas condenar a morte um rio cuja situação de degradação atual foi fruto do próprio crescimento urbano, está longe de ser a melhor alternativa ao problema.

Exemplos como a revitalização impressionante do rio Cheonggyecheon em Seul, na Coréia do Sul, demonstram que vontade política, aliada a boa aplicação dos recursos disponíveis podem devolver vida mesmo ao mais morimbundo dos rios urbanos e ao mesmo tempo garantir qualidade de vida para toda a socidade.

3 comentários:

  1. É incrível como preferimos acreditar que rios como esse são apenas esgotos, não é?

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  2. Verdade, e esconder dos olhos das pessoas parece ser a solução do poder público. Tô te esperando pra integrar a equipe, você seria uma ótima adição. Adorei seu texto. Muito obrigado!

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  3. Aceito com maior prazer integrar o grupo dos carcarás. Confesso q me surpreendi com os os textos que todos vcs tem postado, inclusive meu mano, não desmerecendo vcs é claro rsrsrsr. Eu achava que este era somente um espaço divertido e vi que não é, trazem temas consistentes. Parabéns a todos!!!!!!!

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